Desde que mudei para Nova York, minha dezembrite, aquela estafa misturada de ataque de nervos que me acomete entre fim de novembro e início de janeiro, se transmutou em uma síndrome mais amena. Suspeito que as causas são: aqui eu não dirijo, portanto não pego mais trânsito; meu círculo social é menor e estou bebendo bem menos, o que se traduz em menos confraternizações de fim de ano, que também tendem mais curtas. E compras de Natal são resolvidas ou online, ou com uma passada em três lojas, ou em último caso com vales-presente que aqui é uma opção mega bem-recebida. Tem um momento de desespero com as caixas de papelão empilhadas na sala, mas passa logo.
Mas ainda bate um tico de deslumbre brasileiro mesmo após seis anos, e eu curto o "clima" que se instala em Nova York durante dezembro. Não a ponto de amar Natal, mas provavelmente porque as festas me estressam menos, eu gosto de observar a decoração, o vai e vem das pessoas, as pequenas aglomerações em torno de músicos ou cantores, os rinques de patinação, os mercados temporários com lojinhas de produtos artesanais, e outras tradições da cidade. Mas o que amarra tudo é a trilha sonora.
Sim, assinante desta newsletter, nos Estados Unidos eu descobri que gosto de música de Natal, e daquelas bem antigas. Aqui eu descobri todo um cancioneiro que vai muito além do Jingle Bells e "Noite Feliz" e que sabe de uma coisa? São umas músicas que botam a gente emocionado pra diabo. E é praticamente onipresente: rádios 100% XMAS ALLTHETIME e playlists de Natal ficam a todo nos Ubers, nos consultórios, bancos e nobres estabelecimentos comerciais.
E uma que quase não toca? Happy Xmas (War is Over) do John Lennon, aquela que a Simone regravou como "Então é Natal" e pronto, você já lembrou e tá me odiando porque vai ficar com ela grudada no ouvido. É uma clássica de Natal, sim, mas tem tantas outras que ela não fica em loop infinito como no Brasil.
Calma que eu trago antídoto pra Simone que te aflige.
De todas as coisas que a pandemia mudou, o clima de Natal em Nova York foi uma das maiores e menos notadas. Os turistas não vieram esse ano. Eu saio pouco de casa, mas por onde ando, tanto pelo Brooklyn quanto por Manhattan, vejo pouca decoração natalina e muitas lojas fechadas. Não tem quase clima de Natal no ar. Mas o que ainda está presente? A trilha sonora. Mas eu só ouço quando saio de casa, então resolvi trazer o clima de Natal aqui para dentro. Afinal, até árvore a gente se atreveu a montar, com três gatos e tudo.
Eis aqui uma playlist com as minhas favoritas de Natal. Tem um pouco de tudo: os básicos King Sinatra, Bing Cosby, Mariah Carey e George Michael, mas também tem The Pogues, Johnny Cash, Sufjan Stevens, Whitney Houston, Tom Jones, Jackson 5 e até os Muppets.
Não sei o Spotify vai liberar todas com aquela coisa deles de direitos específicos para cada país, mas espero que tenha suficiente para fazer suas festas mais felizes. (Para abrir direto no Spotify clique aqui.)
Um beijo,
Nat
PS: Como fundadora e CEO de mim mesma, estou me dando umas férias e a gente volta a se ver no início de janeiro. 2020 tá acabando, falta pouco, gente bonita.