O bom de passar os últimos seis Anos Novos no frio e com preguiça de pegar metrô cheio de gente bêbada ou Uber pela hora da morte e em dólar é que aí o Réveillon do Covid é exatamente igual a todos os outros: você coloca uma roupinha confortável, pede um sushi, beberica algo, maratona uma série até onze e meia, troca de canal para ver a virada de ano na Times Square, feliz ano novo amores, beijo-beijo, bora dormir, e todo mundo acorda lindo, bem-disposto e sem ressaca no dia seguinte.
Falando em ressaca, eu sei que rolou um ULTRAJE! JUSTIÇA! SÓ NO BRASIL MESMO! a respeito de todas as festas de Ano Novo em São Miguel do Gostoso, Pipa, Trancoso, e *insira aqui a última praia da moda*.
Olha, não vou jurar pela Argentina, Uruguai ou África do Sul, mas do Equador para cima eu garanto que não teve aglomeração porque ESTÁ FRIO. Times Square estava vazia à força, mas não teve teimoso se amontoando nas ruas laterais não porque aqui todo mundo é mais civilizado, e sim por isso, tá frio e dá preguiça de ficar na rua sabendo que ia estar cheio de policial mandando dispersar e os bares todos fecham às dez da noite mesmo.
Tanto que teve festa ilegal, sim, só que em ambiente fechado, o que é pior ainda. E no verão, cansou de rolar festa ao ar livre e aglomeração de gente na rua sem máscara. E a vida noturna também estava acontecendo normalmente, com bares e clubes "seguindo todos os protocolos" ou não dando a mínima. Isto é, até que o governador se encheu e agora todo mundo tem que ir pra casa às dez da noite e festa no máximo com dez pessoas. E estamos falando de uma cidade que levou Covid-19 super a sério, não da Flórida onde sair de máscara é coisa de comunista.
Moral da história: brasileiro tá errado, americano tá errado, ninguém é alecrim dourado.
Como ainda é 5 de janeiro, dá tempo de fazer aquele balanço do ano passado e pensar no que a gente quer para 2021. Caso tenha batido uma vontade de pensar em algo mais interessante e profundo que a lista "emagrecer/aprender um idioma/trocar de emprego/casar", eis aqui minha sugestão:
Há tempos sou muito fã do trabalho da Kim Bui, diretora de inovação do jornal The Arizona Republic. Trombava com ela em alguns congressos, e além de ser fofa e disponível, ela é muito honesta a respeito dos desafios de ser jornalista, mulher, chefe e tudo mais. Inclusive ela tem uma newsletter, chamada The Middles, justamente sobre os desafios de gerenciar gente, especialmente em jornalismo, mas que que serve para todo mundo que tem que ser chefe.
Na última edição, ela trouxe uma espécie de caderno de exercícios para avaliar o ano que passou e descobrir o que faz sentido buscar em 2021. É a cara dela: zero coachismo de produtividade e muita fofura e pé no chão. Imprima (ou abra o PDF e pegue uma folha de papel), pegue um copo de vinho/sua bebida ou entorpecente favorito, reserve uma horinha ou duas e vá em frente. Recomendo muito porque me economizou fácil umas duas sessões de terapia.
Um beijo e feliz ano novo para todos nós,
Nat